'Ricardo III', dirigida por Marco Antônio Rodrigues e com
estreia para outubro no Teatro Sérgio Cardoso, será a primeira do 'Projeto 39'
Na Inglaterra, tornou-se tradição encenar anualmente todas
as 39 peças de William Shakespeare (1564-1616) - mais que respeito, homenagem a
uma das principais obras dramatúrgicas de todos os tempos. O desafio agora
chega ao Brasil, pelas mãos do produtor Alexandre Brazil: a partir de outubro,
quando estrear Ricardo III no Teatro Sérgio Cardoso, sob a direção de Marco
Antônio Rodrigues, começa o Projeto 39, que ambiciona montar, em dez anos,
todos os 39 textos do bardo, desde a primeira, Henrique VI (de 1590) até a
última, A Tempestade (1611).
“Fixaremos a galeria
de mais de 800 personagens shakespearianos para o prazer do público”, acredita
Brazil, que já conseguiu alinhavar os primeiros diretores para o projeto. E
também atores: Leonardo Brício será o protagonista de Ricardo III. O desafio,
que conta também com supervisão de produção de Erike Busoni, já recebeu apoios
importantes, como o da crítica, tradutora e pesquisadora Bárbara Heliodora.
“A proposta é, no
mínimo, um desafio dos maiores que se possa enfrentar no teatro”, afirma ela.
“Por outro lado, existe a vantagem de garantir a seus realizadores que, ao
menos por uma década, jamais ficarão entediados, pois a variedade de temas e
gêneros abrangida pela obra dramática de Shakespeare é tão grande que só
surpreende que ela tenha sido realizada por um só homem.”
A ideia surgiu quando Alexandre Brazil montou, no ano
passado, justamente a última peça escrita por Shakespeare, A Tempestade. A
produção começou no espaço administrado pelo Movimento Artístico para
Transformação Integrado pela Liberdade, Direitos e Entretenimento, o Matilde,
em São Caetano do Sul. Lá, enquanto um grupo de 80 pessoas participava da
criação da peça, fermentava-se a ideia arrojada de se montar a obra completa do
autor inglês. Formatado o projeto, o grupo começou a convidar outros artistas.
“A expectativa é a participação de centenas de profissionais entre diretores,
atores, criadores, produtores e técnicos”, acredita Busoni.
O proveito para o teatro nacional será incalculável, avalia
Bárbara Heliodora. “Shakespeare passou a vida tendo um grande caso de amor com
a humanidade, e disso nasceu a maior força de uma dramaturgia épica.”
Primeiras peças:
Ricardo III,
por Marco Antônio Rodrigues, estreia em outubro de 2012
Romeu e
Julieta, por Vladimir Capella, em 2013
Troilo &
Créssida, por André Garolli, em 2013
As Alegres
Comadres de Windsor, por Cacá Rosset, chega em 2014
Timon de
Atenas, por Aderbal Freire-Filho, em 2014
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