Pesquisa
observou que sessões de audição de música clássica ou ópera aumentaram células
de defesa de camundongos após transplante de coração
Uma pesquisa
feita na Universidade Jutendo, no Japão, mostrou que a terapia com música
clássica interferiu diretamente no sistema imunológico de camundongos e
diminuiu o índice de rejeição dos animais que haviam recebido um transplante de
coração. O estudo foi publicado nesta sexta-feira no periódico Journal of
Cardiothoracic Surgery.
De acordo
com a pesquisa, é sabido que a música é capaz de influenciar o bem-estar de uma
pessoa, diminuindo o stress, a ansiedade e até as dores após uma doença ou uma
cirurgia. No entanto, há poucas evidências que determinem de que maneira a
terapia baseada em música influencia o sistema imunológico de um paciente.
Nesse
estudo, os pesquisadores japoneses observaram a recuperação de camundongos que
haviam passado por um transplante cardíaco. Os animais foram divididos em
grupos e todos foram submetidos a sessões de terapia com música. Cada grupo foi
exposto a um estilo musical diferente — ópera, clássico e New Age — ou a algum
som com uma única frequência, durante sete dias.
Resultados —
Os ratos que foram expostos à música clássica ou à ópera tiveram maior
sobrevida após o transplante do que os animais que ouviram New Age ou sons de
frequência única na terapia. Os pesquisadores também observaram que os ratos
que pertenciam ao grupo da música clássica e da ópera apresentaram maiores
quantidades de linfócito T CD4, células de defesa que regulam a resposta
imunológica do organismo.
Embora o
mecanismo que explique essa ação não seja conhecido ainda, os pesquisadores
afirmam que o estudo evidencia que a música, e não só a ópera e a clássica,
influencia o sistema imunológico de um indivíduo.
Evidências —
Como o próprio estudo citou, há diversas pesquisas que relacionam as terapias
que submetem os pacientes ao contato com a música com a melhora de quadros
pós-operatórios, de dores crônicas, entre outros. Um estudo feito pela
Universidade de Drexel, nos Estados Unidos e divulgado em 2010 pela The
Cochrane Library, por exemplo, observou que pacientes que respiravam com a
ajuda de aparelhos apresentaram menos ansiedade e uma recuperação melhor quando
ouviam alguma música do que aqueles que não entraram em contato com esse tipo
de abordagem. Nesse mesmo ano, a Universidade de Tel Aviv, em Israel, concluiu
um estudo mostrando que ouvir 30 minutos de Mozart todos os dias pode ajudar
bebês prematuros a ganharem peso. Essa pesquisa foi publicada no periódico
Pediatrics.
No Brasil,
alguns levantamentos nessa área também já foram feitos. Em 2006, o Jornal de
Pediatria, publicação da Sociedade
Brasileira de Pediatria, publicou uma pesquisa feita na Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE) que buscou estudar os efeitos terapêuticos da música em
crianças que haviam passado por uma cirurgia cardíaca. Esses pacientes ouviram
música clássica em sessões de 30 minutos e tiveram uma melhora mais
significativa em aspectos como frequência cardíaca e respiratória e redução da
dor do que pacientes que não ouviram música.
Alívio da
dor — Em São Paulo, pesquisadores do Grupo de Estudos da Dor da Hospital das
Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) concluíram uma pesquisa no final de
2011 que aplicou sessões de musicoterapia em pacientes com dores crônicas. A
médica Ana Maria Ferreira de Souza, que participou do estudo, explica que a
terapia foi aplicada em sete grupos de oito pacientes cada. Eles foram
submetidos a oito sessões do procedimento, que duravam 80 minutos e eram feitos
uma vez por semana. "Cada sessão apresentava um dos métodos da
musicoterapia ao paciente, que podem envolver desde audição de uma música até a
composição de uma canção por meio de instrumentos musicais", diz.
Os
participantes responderam a questionários sobre saúde e qualidade de vida
antes, durante e ao longo de um ano depois do tratamento e foram comparados a
um grupo de controle que não foi submetido à musicoterapia. Os resultados
mostraram que houve significativa melhora nos quadros de depressão e de
qualidade de vida, especialmente em relação a condições físicas, e diminuição
na quantidade de medicamentos tomados. "Essa é uma psicoterapia, ou seja,
ajuda os pacientes pois eles deixam de ficar voltados apenas a sua condição de
saúde e passam a sentir-se mais criativos e relaxados", diz a médica.
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