Com sinfonias grandiosas e líricas, o
compositor austríaco demorou par obter reconhecimento em vida. Com o passar do
tempo, porém, suas abras tornaram-se cada vez mais executadas e hoje ele e
considerado um dos principais nomes do romantismo musical da Europa Central.
Mais velho
de onze filhos, Anton Bruckner nasceu em 04 de setembro de 1824 em Ansfelden,
nas Áustria. Tendo vivido durante o período romântico, Bruckner era mais jovem
que compositores como Chopin (1810), Liszt (1811) e seu ídolo Wagner (1813) e
mais velho que Brahms (1833) e Mahler (1860). A formação simples e camponesa e
doses igualmente levadas de religiosidade e insegurança formaram as características
básicas de sua personalidade e marcaram sua trajetória.
O pai de
Anton era professor primário e ele próprio foi preparado para o magistério, mas
estudou órgão e composição com o padrinho a partir de 1835. Dois anos depois, com
a morte do pai, foi enviado para a abadia de São Floriano, próximo a Linz
(entre Salzburgo e Viena), onde passou a cantar no coro, seu nome ficaria
marcado para sempre a esta instituição. Aos 21 anos, Bruckner tornou-se
mestre-escola em São Floriano, onde a essa altura já era também organista.
Surgiram as primeiras composições entre elas quatro Missas de Juventude e um
Réquiem. Em 1858 aos 34 anos foi aceito como aluno por Simon Sechter, célebre
professor de contraponto estabelecido em Viena. Paralelamente, teve aulas de
composição e orquestração com Otto Kitzler, que, por sua vez, era um fervoroso
admirador de Wagner. Kitzler fez que seu discípulo, apenas dez anos mais novo
que Wagner, conhecesse as obras do compositor e Bruckner ficou profundamente
marcado com o trabalho.
Ouviu Tannhäuser em
1863, um ano antes de estrear na catedral de Linz, aos 40 anos, sua primeira
grande obra, a Missa em ré menor. Já
em 1865, Anton Bruckner estava entre os que assistiram a primeira apresentação
de Tristão e Isolda em Munique.
Segundo Roland de Candé, Bruckner teria sido apresentado a Wagner nesta
ocasião. Já o pesquisador Marc Vignal afirma que, apesar de este ter sido um
dos maiores desejos de Bruchner, ele só conseguiu conhecer pessoalmente Wagner em
1873. De toda a forma, a partir de 1863, Bruckner se instalou em Viena, centro
da vida musical europeia, tendo sido nomeado professor do Conservatório e
organista da corte. Sua fama como improvisador ao órgão cresceu continuamente e
ele viajou para apresentar-se em cidades com Paris e Londres.
Foi na mesma época da Missa de 1864, ou seja, por volta de 40
anos, que Bruckner começou a escrever suas grandes obras. A parte mais
importante de sua produção musical são suas onze sinfonias (sendo duas obras da
juventude sem número). A elas se somam três missas, em ré menor (1864) em mi
menor (1866) e em fá menor (1868) o Quinteto para cordas (1879) e o Te Deum
(1884) e o Salmo 150 (1892).
Suas três primeiras sinfonias formam um gruo homogêneo, todas
em tom menor e com estreita relação com as três grandes missas. Em 1873 ano da
composição da sinfonia nº 3, Bruckner fez sua primeira viagem a Bayreuth, para
onde retornaria com frequência. Mas o reconhecimento com compositor só
começaria a partir de sua sinfonia nº 4, em 1881; e a sua consagração viria
apenas aos 60 anos, com a estreia em Leipzig de sua sinfonia nº 7, cujos
compassos finais do adágio haviam sido concebidos sob o impacto da morte de
Wagner.
A obra chegou a ser executada em Chicago e Nova York dois
anos depois, e um novo sucesso aconteceu em 1892, com o triunfo de sua Oitava
Sinfonia em Viena. Nesse período , no entanto, sérios problemas de saúde já se
anunciavam e Bruckner aproveitou pouco seus sucessos tardios. NO final de 1894,
terminou os três primeiros movimentos de sua Sinfonia nº 9, cujas ousadias
harmônicas anunciavam Mahler e Schöemberg, mas que permaneceria inacabada.
Bruckner faleceu no dia 11 de outubro de 1869 e foi sepultado ao som do adágio
de sua Sétima Sinfonia. Seus restos mortais foram enviados para a abadia de São
Floriano, segundo desejo do próprio compositor, onde repousam sob o majestoso
órgão.
Camila Frésca
Revista Concerto jun/12
–pág. 26
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