Comprar um livro, folhear algumas páginas e depois
aposentá-lo em uma prateleira precisa ser um hábito revisto, caso o leitor
adquira um exemplar lançado este ano por uma editora argentina. Quem seguir esses
passos, vai perder a história e, ao final, quando quiser desfrutar a leitura,
vai se deparar apenas com páginas em branco: o texto vai desaparecer após 60
dias.
Com prazo de validade para leitura, El libro que no puede
esperar (O livro que não pode esperar, em tradução livre) é impresso com uma
tinta especial que vai desaparecendo bem devagar, conforme entra em contato com
a luz. A ideia é estimular que as pessoas leiam seus livros imediatamente após
a compra. A iniciativa, criada pela
editora independente Eterna Cadencia e a agência de publicidade DraftFCB,
também pretende ajudar jovens autores latino-americanos a terem seus trabalhos
lançados ou reeditados.
Segundo os criadores do projeto, a primeira edição do livro,
chamada El futuro no es nuestro: nueva narrativa latinoamericana (O futuro não
é nosso: nova narrativa latino-americana), foi esgotada no primeiro dia do
lançamento, e milhares de encomendas foram realizadas. Mas o sucesso não é
apenas de público. Em maio deste ano, eles foram premiados no Festival
Internacional de Publicidade de Cannes na categoria lançamento ou relançamento.
“Selecionamos alguns autores latino-americanos e imprimimos
com essa tinta. Empacotamos nossos livros como qualquer produto com data de
validade: vedado em uma sacola, o que impede que o processo de desaparecimento
comece antes do livro ser aberto”, afirmam os criadores na página do festival.
De acordo com eles, não são apenas os livros físicos os
únicos que estão em risco hoje, mas também os novos autores latino-americanos. Conforme dados levantados pelos criadores do
livro, nos últimos 20 anos, as vendas de
novos escritores da região diminuíram 37%: “Esses novos autores, ao contrário dos
que já são famosos, sofrem com cada livro esquecido nas prateleiras. Eles não
precisam apenas ser vendidos. Eles precisam também ser lidos. O boca a boca é
fundamental para a carreira de um escritor.
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