quarta-feira, 15 de maio de 2013

Paes volta atrás e decide manter repasse anual de R$ 8 milhões à OSB




Após a repercussão negativa gerada pela decisão da prefeitura do Rio de suspender o repasse de R$ 8 milhões à Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira (Fosb) e da declaração de Eduardo Paes de desejar fundir a OSB com a Orquestra Sinfônica Petrobras, o prefeito decidiu manter o repasse anual ao conjunto. A decisão foi anunciada pelo prefeito na tarde desta quinta-feira (2) durante reunião entre os conselheiros da fundação, o prefeito e o secretário municipal de Cultura, Sérgio Sá Leitão.
Além disso, para fortalecer os vínculos entre o órgão municipal e a Fosb, foi acordado com a prefeitura que o secretário Sérgio Sá vai integrar o corpo de conselheiros da Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira.
O repasse de R$ 8 milhões estava suspenso até então e foi comunicado por meio de uma carta assinada por Paes em 18 de março deste ano. O valor repassado pela prefeitura do Rio equivale a um quinto do orçamento da OSB, de R$ 40 milhões captado, em sua maioria, por leis de incentivo à cultura, aprovado pelo Ministério da Cultura, que, de acordo com a orquestra, “fiscaliza todas as suas contas”.
Prefeito sugere fusão entre OSB e Opes
Depois de cortar a verba para a Fosb, Paes ainda disse nesta terça-feira (30) que desejava a fusão da OSB com a Orquestra Petrobras Sinfônica (Opes) alegando que o orçamento ficaria mais "volumoso" e que "os músicos que tocam na OSB e na orquestra da Petrobras são, em muitos casos, os mesmos", o que foi negado pela Fosb, que ficou "surpresa" com as afirmações do prefeito.
A Fundação possui duas orquestras e, conforme informado ao JB, “na Orquestra Sinfônica Brasileira, os músicos trabalham em regime de dedicação integral e com exclusividade”. Já os 35 músicos da Ópera e Repertório, segundo a OSB, “não têm regime de exclusividade e apenas sete entre eles atuam também na Opes".
Já a Opes, em comunicado ao JB, defendeu a existência da OSB e da Opes e disse que não se interessava pela fusão. “A Orquestra Petrobras Sinfônica acredita que o Rio de Janeiro comporta – e merece – muito mais que duas orquestras na cidade. As principais capitais do mundo, como Berlim, Paris e Viena, têm, no mínimo, cinco orquestras. Tóquio, por exemplo, tem 11 grupos sinfônicos. A Orquestra não está interessada em se fundir a outro grupo, por defender a pluralidade artística”, diz o texto.
"Ter uma orquestra única no Rio de Janeiro implicaria também na diminuição da oferta de espetáculos, do mercado de trabalho e da abrangência geográfica dos concertos", diz a Opes, que afirmou "nunca" ter tido o patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Segundo ela, “seu orçamento anual é composto principalmente pela mantenedora Petrobras, que patrocina a Opes desde 1987, atualmente com R$ 11 milhões anuais”. Como ainda declara o conjunto, “ele é gerido pelos próprios músicos”, contando ainda com os “apoios culturais de: Avianca, Porto Bay Hotels, Fundição Progresso, Winebrands e Rádio MEC FM”, completa.
A Opes conta ainda que nos anos de 2011 e 2012 foi realizado um “convênio” com a Prefeitura para criar o projeto educacional Série Metrônomo, que apresenta concertos para alunos da rede pública de ensino, com investimentos de, respectivamente, R$ 550 mil e R$ 350 mil em cada um dos anos.
Uma proposta à Prefeitura foi enviada pela Opes para manter a parceria em 2013, mas segundo a orquestra, não houve retorno até o momento.
Paes critica gestão da OSB e diz que ela poderia dar mais projeção ao Rio
Questionado sobre a possibilidade da Orquestra Sinfônica Brasileira gerenciar a Cidade das Artes, o prefeito negou a ideia, porém garantiu que a orquestra terá destaque como atração do local. Paes também se comprometeu a ajudar a OSB, no entanto, se queixa da “projeção” que o grupo dá ao Rio.
“A OSB não é exatamente um exemplo de gestão. A gente vê pelos problemas do passado. Eu vou pegar uma coisa que não consegue gerenciar o seu grupo, para cuidar daquele prédio enorme? Dar a Cidade das Artes para a OSB tocar, eu não acho que é conveniente, agora a OSB tem que ser a âncora da Cidade das Artes. A principal atração da Cidade das Artes permanentemente”, disse ele.
O prefeito pode ter se referido à crise de 2011 com os funcionários, em que a orquestra propôs avaliações de desempenho dos músicos, que se opuseram por temer demissões em massa. Em seguida, 33 componentes da orquestra foram demitidos e depois readmitidos meses após o ocorrido.
“Quero continuar ajudando a OSB. Agora, acho que o dinheiro público tem que ser investido em coisas que de fato deem projeção à cidade. A OSB podia dar mais projeção à cidade”, avaliou na terça-feira.
Sem opinar sobre fusão, OSB responde às críticas
Em resposta à crítica do prefeito, a Fosb informou que “o orçamento [de R$ 40 milhões] é compatível com seu nível de excelência e há anos a fundação vem cumprindo com seus compromissos com os funcionários, tendo inclusive aumentado progressivamente os salários dos músicos. Com isso, atrai ótimos novos profissionais, renovando seus quadros”.
A fundação também alegou que “todos os músicos das duas orquestras estão contratados pelo regime de CLT”, o que, segunda ela, “é uma grande exceção, se comparado às demais orquestras brasileiras. Gera um alto custo com pessoal que é, porém, a essência das orquestras”.
“As despesas da Fundação OSB são auditadas por empresa de auditoria externa e aprovadas por conselho fiscal. Essas contas são apresentadas e aprovadas por todos os mantenedores, incluindo a própria Prefeitura do Rio”, argumenta a instituição.
Fonte: Jornal do Brasil/Íris Marini
Folha Sinfônica

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