sexta-feira, 8 de julho de 2011

Festival Europalia

Ida do MinC a Bruxelas acelerou preparativos do megaevento dedicado ao Brasil em 2011

A missão do MinC a Bruxelas entre os dias 20 e 22 de junho, que incluiu a ministra da Cultura Ana de Hollanda, gerou o peso institucional necessário para fazer avançar os preparativos do festival Europalia.Brasil, edição 2011, que tem o Brasil como convidado. O festival, maior vitrine de cultura no continente, será aberto em 4 de outubro nesta que é a capital da União Européia e, conforme diplomatas, concentra mais representações e órgãos estratégicos do que Washington.
Reuniões diárias com o time Europalia, visitas da ministra a cada um dos mais importantes espaços que abrigarão os eventos e o apoio do Embaixador do Brasil para o Reino da Bélgica, André Amado, contribuiram para se desenhar melhor a programação do evento, obviamente complexa. São cerca de 130 shows; 90 palestras e conferências; 60 apresentações de dança; 40 de teatro; 17 exposições – tudo isso em cinco países. Nomes que vão de Tom Zé a Paulo Mendes da Rocha e Zé Celso, passando por apresentações ao vivo de índios Mehinaku e Kaiapó esquentam manchetes dos mídias europeus. Ainda mais depois de uma coletiva de imprensa da ministra Ana concedida na terça, 21, a mais de 50 jornalistas.
Avançou-se na direção da assinatura de um memorando de entendimento Brasil-União Européia que abrirá mais o continente à cultura brasileira. E se nota um nítido reposicionamento da imagem do Brasil, conforme testemunhos de europeus.
Antropofagia européia
Este reposicionamento se dá a partir do seu maior ativo, a cultura: um dos principais jornais belgas, o Le Libre, sintetizou esta nova percepção em matéria de duas páginas afirmando que o Europalia.Brasil é a ocasião para o “gigante econômico” emergir também como “gigante cultural”.
A ministra Ana confirma esta mudança. “Impressiona como os europeus estão vendo o Brasil como o país do momento. As soluções descobertas pelo nosso país para questões sociais e econômicas são a grande indagação deles.”
O conde Jacobs, chairman da fundação que promove o festival, já havia sinalizado o porte desta guinada na recepção que se seguiu à coletiva, no Palácio de Egmont, em Bruxelas. “O evento será ocasião para nós, europeus, conhecermos o Brasil para além da economia, para além dos estereótipos”. No almoço petit comité oferecido pouco depois pelo ministro das Relações Exteriores do Reino da Bélgica, Steven Vanackere, no Salon du Ministre [aberto em raríssimas ocasiões no ano], a ministra apontou uma inversão de sentido. “O Brasil consumiu a Europa por muito tempo, e este processo culminou com a antropofagia modernista; agora, é a vez dos europeus nos consumirem
Economia criativa
Na visão do diretor executivo do Comissariado Brasileiro e diretor de Relações Internacionais do MinC, Marcelo Dantas, a importância do evento possibilita ao governo brasileiro atrair o patrocínio de grandes empresas. “Esta parceria com as empresas públicas e privadas é fundamental, inclusive para a projeção privilegiada da imagem delas no exterior.”
A missão incluiu ainda o Comissário pelo Brasil e secretário de Políticas Culturais do MinC Sérgio Mamberti; o curador-geral, Adriano de Aquino; e os curadores Benjamin Taubkin [música], João Carlos Couto [teatro, dança e circo] e Flora Sussekind [literatura e conferências].
A ministra Ana aponta ainda o interesse pela Economia Criativa que sentiu nos europeus com quem conversou —o time da Europalia, liderado por Kristine De Mulder, com quem teve reuniões diárias; representantes do Reino da Bélgica; e personalidades das comunidades francófona e flamenga que compõem o país, diretores de instituições etc.
Afinal, o Europalia.Brasil, além de ser um painel político e social da Cultura brasileira, é visto também como chance de os artistas se inserirem no circuito europeu a partir de uma abertura institucionalizada por um memorando de entendimento, a ser assinado em uma mesa-redonda Brasil-União Européia composta de artistas e autoridades da cultura.
Impactação de um continente
A 23a edição do festival deverá ter 17 exposições em 15 museus e espaços; cerca de 130 shows, com 45 grupos musicais ou artistas; 40 apresentações teatrais de ao menos nove grupos brasileiros; cerca de 60 apresentações de 11 grupos de dança; 90 palestras e conferências sobre literatura, artes, ciências sociais, arquitetura, design e audiovisual; além de itinerâncias dos grupos convidados pela Europa.
Está prevista, na abertura em 4 de outubro, a presença da presidenta Dilma Rousseff, do rei Alberto II da Bélgica, e do presidente da Comissão Européia, Durão Barroso. Paralelamente, deverá ocorrer a Cúpula Brasil-União Européia.
O Europalia se estenderá por cinco países – Luxemburgo, Alemanha, França e Holanda, além da própria Bélgica. Nesta, além da capital, outras cidades, como Antuérpia abrigarão eventos.

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