Documento sugere criação de orquestra paralela, sem regência de Roberto Minczuk
A Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) ofereceu aos 33 músicos demitidos há quatro meses sua reintegração, só que numa nova configuração: eles formariam um segundo corpo orquestral, com menos integrantes, que tocaria música de câmara, livre da regência de Roberto Minczuk - contra o qual os instrumentistas haviam se insurgido. A proposta foi feita hoje, numa reunião no Sindicato dos Músicos do Rio que contou com a participação de parte do grupo dispensado. Não foi bem recebida.
Segundo o documento divulgado pela Fundação OSB, elaborado pelos novos diretores artísticos, Fernando Bicudo e Pablo Castellar, os 33 músicos poderão ser reintegrados imediatamente, "através de um novo corpo artístico que será criado pela Fundação, sem a regência do maestro Roberto Minczuk, sem a necessidade de avaliações de desempenho e mantendo o mesmo regimento interno e piso salarial originais". Consideradas vexatórias, as avaliações, semelhantes às audições para ingresso na OSB, detonaram a crise na orquestra, que vem desde o início do ano.
Esse segundo grupo não precisaria se dedicar exclusivamente à OSB, o que é exigido do "principal". "Não estamos falando em OSB do B. Seriam dois corpos artísticos distintos", ressalvou Bicudo. "Não existe orquestra menos importante do que a outra", continuou Castellar. Os dois substituíram há duas semanas o maestro Minczuk na direção artística da OSB. A medida abriu caminho para outras mudanças. "Fomos conversar com espírito de conciliação, com o coração aberto", Bicudo garantiu.
"A reação dos músicos foi péssima, porque eles estão oferecendo retorno à Fundação, e não à orquestra. Como vai ser essa orquestra, como se justifica um segundo corpo orquestral? Não dá para entender", disse a presidente do sindicato, Deborah Cheyne. A FOSB diz que a proposta contempla as reivindicações dos demitidos. "Isso não existe. Essa proposta precisa ser muito trabalhada ainda, precisamos de tempo. A crise só vai acabar quando a gente for readmitido do jeito que a gente quer. As nossas reivindicações não estão contempladas", afirmou o violinista Ubiratan Rodrigues.
Além da criação do novo grupo, o documento tem outros dois pontos: entre os 33 demitidos, a OSB acena com a possibilidade de reincorporar em seus mesmos cargos doze músicos. São instrumentistas cujos postos ainda não foram ocupados (as audições recentes trouxeram 21 novos integrantes, ou seja, ainda há "buracos"); outro ponto é a oferta, para quem não quiser voltar, do pagamento de indenizações pelas demissões (ou seja, a reversão da dispensa por justa causa).
Segundo a FOSB, 59 músicos estão ensaiando normalmente para o início da temporada de 2011, marcada para daqui a 15 dias no palco do Teatro Municipal do Rio. A OSB contará ainda com músicos contratados temporariamente.
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