Ele pretende lançar nas próximas semanas um edital que
convocará interessados em coeditar suas publicações --inclusive a "Revista
de História", atualmente editada pela Sociedade de Amigos da Biblioteca
Nacional (Sabin)--, definindo critérios e funções para cada parte.
Com isso, Amorim pretende resolver dois problemas de uma
vez: adequar-se "às exigências recentes dos órgãos públicos de
fiscalização" e encerrar a disputa entre a Sabin e o conselho editorial.
A primeira é uma sociedade privada que cuida da parte
administrativa e financeira da publicação. O segundo, responsável pelo conteúdo
editorial, é formado por acadêmicos como José Murilo de Carvalho (UFRJ), Lilia
Moritz Schwarcz (USP) e o membro da Academia Brasileira de Letras Alberto da
Costa e Silva.
Os conselheiros ameaçaram renunciar após a Sabin demitir
Figueiredo "por razões administrativas internas" não especificadas,
sem consultar o conselho.
Semanas antes, o então editor havia demitido o jornalista
Celso de Castro Barbosa após divergências relacionadas a uma resenha escrita
por ele sobre o livro "A Privataria Tucana", do jornalista Amaury
Ribeiro Jr., publicada no site da revista.
Em um de seus trechos, a resenha diz que o livro joga
"uma pá de cal na aura de honestidade de certos tucanos". Em outro,
afirma que José Serra "é quem tem a imagem mais chamuscada, para não dizer
estorricada, ao fim da 'Privataria Tucana'".
O texto gerou protestos públicos do PSDB e foi tirado do ar,
mas, segundo a Sabin, nem a demissão de Castro Barbosa por Figueiredo nem a
deste pela sociedade tiveram qualquer componente de pressão política.
REUNIÃO SEM ACORDO
O presidente da FBN pretende resolver o impasse entre Sabin
e conselho formalizando, no edital, as funções de cada um: a sociedade gere a
revista, e os conselheiros cuidam do conteúdo e da indicação do editor, sem
vetos.
"Houve certamente uma crise, que está sendo resolvida.
Vamos acertar entre as partes um novo termo de cooperação", disse Amorim.
Apesar de representantes da Sabin e do conselho ouvidos pela
Folha terem elogiado a mediação de Amorim, o fim para a crise não será tão
simples, já que a solução proposta permitiria a recondução do demitido
Figueiredo ao comando editorial.
Ele [Amorim] sabe, porque eu disse com todas as
letras, que a volta do senhor Luciano Figueiredo é fora de questão, e a Sabin
vai levar isso até o fim", disse Jean-Louis de Lacerda Soares, presidente da
sociedade.
"Quem decide sobre a contratação de um funcionário é a
empresa que o paga. A Sabin pode, por razões de independência, achar que um
funcionário não pode entrar no quadro", afirmou.
O conselheiro José Murilo de Carvalho diz que "foi
discutido claramente na reunião que não existiria poder de veto" às
escolhas do conselho.
"Uma das partes do acordo é dividir claramente as
funções. Um vai ser estritamente editor, e a parte administrativa fica com
outra pessoa. Agora, se a Sabin vai se negar a pagar o editor que o conselho
escolher..."
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
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