De quando escutou as primeiras notas extraídas de um violão
até a data em que realizou o sonho de ter um, a estudante Juliana Sotero levou
toda a vida. Foram 15 anos de espera para dedilhar as próprias cordas. A música
que entrou pelos ouvidos ainda na infância e invadiu a residência dela através
das aulas de violino da irmã, agora também possiblitará a realização do segundo
maior sonho da vida da moradora da comunidade do Coque, ter quantos violões
quiser. Juliane e outros cinco adolescentes foram selecionados para serem
alunos da primeira Escola de Formação de Luthier e Archetier do estado,
inaugurada no último dia 10, pela Orquestra Criança Cidadã (OCC).
Ainda descobrindo como manusear o próprio violão, Juliane
terá a missão de dar continuidade a dois ofícios em extinção. Durante cinco
anos, ela e os amigos aprenderão com dois dos três únicos mestres do estado, a
arte de confecionar, reparar e restaurar instrumentos musicais - o trabalho de
um Luthier - e também os arcos utilizados para tocar violino, viola, violoncelo
e contrabaixo, produzidos por um Archetier. Eles terão aulas todos os dias da
semana, durante duas horas, e em um ano começarão a produzir os primeiros
instrumentos, iniciando pelo cavaquinho, considerado um dos mais fáceis de
confeccionar.
Nas aulas, os alunos aprenderão técnicas para seleção da
madeira ideal, o corte adequado para cada tipo de instrumentos, a pintura e a
afinação que garantem a precisão do som. Os instrumentos criados dentro da
Escola de Formação de Luthier e Archetier serão utilizados pelos alunos da
própria orquestra, mas também serão enviados para comercialização no Japão,
através de uma parceria com uma empresa japonesa especializada no ramo.
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