Festival inspirado no City of London Music Festival começa
hoje, com o Quarteto Osesp, no Espaço Tom Jobim, e traz nomes como a violoncelista
russa Nina Kotova
Fazia tempo que a pianista e historiadora de música Simone
Leitão ouvia dos amigos, em diferentes ocasiões, que o Brasil precisava ter um
festival de música de câmara. A insistência fez com que ela resolvesse tomar
para si a tarefa de produzir a primeira Semana Internacional de Música de
Câmara da cidade, que acontece a partir desta terça-feira até o dia 25, e da
qual ela também é diretora artística. A abertura acontece às 20h30m, no Espaço
Tom Jobim, com o Quarteto Osesp — grupo que raramente se apresenta em solo
carioca —, mas as apresentações se estendem a comunidades de áreas pacificadas
do Rio, além de atividades em Barra Mansa (município conhecido pelo
projeto-modelo “Música nas escolas”, que vem formando instrumentistas da
região, e para o qual o festival planeja levantar fundos).
— Não acordei e tive uma epifania. Foram os amigos que
diziam sentir falta de um festival que reunisse grandes nomes e fomentasse a
música de câmara, muito colaborativa — conta Simone, que diz ter se inspirado
no City of London Music Festival, que acontece na Inglaterra.
Além do prestigiado Quarteto Osesp a programação inclui
grandes nomes estrangeiros que, por serem solistas requisitados, normalmente
tocam com orquestras e não têm agenda para apresentações mais intimistas. O
público carioca, então, vai ter a oportunidade de apreciar a violoncelista
russa Nina Kotova tocando na companhia de apenas um piano, no próximo domingo,
ou o violinista norueguês Henning Kraggerud, que na quinta-feira se apresenta
no Espaço Tom Jobim ao lado do brasileiro Hugo Pilger (violoncelo) e da própria
Simone Leitão (piano).
Foco nos séculos XX e XXI
Já para o Centro Universitário de Barra Mansa, estão
programados dois concertos gratuitos: um na quinta-feira, com o Quarteto Osesp,
e outro na sexta, com Juliana Steinbach, Philip Doyle, Daniel Andai e Gustavo
Cruz, pianista integrante da Orquestra Sinfônica de Barra Mansa (OSBM).
— Queria trazer para a cidade uma programação de qualidade.
Incluí Barra Mansa porque a cidade tem um projeto excelente com a OSBM e é uma
forma de contribuir. Venho de Caratinga, Minas Gerais, onde não há oferta de
música clássica e sei da importância de projetos que facilitem o acesso à
música — explica Simone.
De acordo com a diretora artística, o festival tem como foco
os compositores do século XX e XXI, período que considera “mais democrático” em
termos de ideias inovadoras para a música em todos os continentes:
— No século XX, a música de câmara sai do eurocentrismo e
você começa a observar importantes compositores nas Américas e na Ásia, por
exemplo. Mas não que o festival não possa ter composições de outros séculos.
Não é um festival de música contemporânea. É apenas um período que queremos
cada vez mais abordar.
A vontade de Simone é de que a Semana Internacional de
Música de Câmara se torne um evento anual no calendário da cidade. Para isso,
ela já conseguiu reservar as datas para o festival do ano que vem: 17 a 24 de
setembro.
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