quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Rio recebe a primeira Semana de Música de Câmara



Festival inspirado no City of London Music Festival começa hoje, com o Quarteto Osesp, no Espaço Tom Jobim, e traz nomes como a violoncelista russa Nina Kotova
Fazia tempo que a pianista e historiadora de música Simone Leitão ouvia dos amigos, em diferentes ocasiões, que o Brasil precisava ter um festival de música de câmara. A insistência fez com que ela resolvesse tomar para si a tarefa de produzir a primeira Semana Internacional de Música de Câmara da cidade, que acontece a partir desta terça-feira até o dia 25, e da qual ela também é diretora artística. A abertura acontece às 20h30m, no Espaço Tom Jobim, com o Quarteto Osesp — grupo que raramente se apresenta em solo carioca —, mas as apresentações se estendem a comunidades de áreas pacificadas do Rio, além de atividades em Barra Mansa (município conhecido pelo projeto-modelo “Música nas escolas”, que vem formando instrumentistas da região, e para o qual o festival planeja levantar fundos).
— Não acordei e tive uma epifania. Foram os amigos que diziam sentir falta de um festival que reunisse grandes nomes e fomentasse a música de câmara, muito colaborativa — conta Simone, que diz ter se inspirado no City of London Music Festival, que acontece na Inglaterra.
Além do prestigiado Quarteto Osesp a programação inclui grandes nomes estrangeiros que, por serem solistas requisitados, normalmente tocam com orquestras e não têm agenda para apresentações mais intimistas. O público carioca, então, vai ter a oportunidade de apreciar a violoncelista russa Nina Kotova tocando na companhia de apenas um piano, no próximo domingo, ou o violinista norueguês Henning Kraggerud, que na quinta-feira se apresenta no Espaço Tom Jobim ao lado do brasileiro Hugo Pilger (violoncelo) e da própria Simone Leitão (piano).
Foco nos séculos XX e XXI
Já para o Centro Universitário de Barra Mansa, estão programados dois concertos gratuitos: um na quinta-feira, com o Quarteto Osesp, e outro na sexta, com Juliana Steinbach, Philip Doyle, Daniel Andai e Gustavo Cruz, pianista integrante da Orquestra Sinfônica de Barra Mansa (OSBM).
— Queria trazer para a cidade uma programação de qualidade. Incluí Barra Mansa porque a cidade tem um projeto excelente com a OSBM e é uma forma de contribuir. Venho de Caratinga, Minas Gerais, onde não há oferta de música clássica e sei da importância de projetos que facilitem o acesso à música — explica Simone.
De acordo com a diretora artística, o festival tem como foco os compositores do século XX e XXI, período que considera “mais democrático” em termos de ideias inovadoras para a música em todos os continentes:
— No século XX, a música de câmara sai do eurocentrismo e você começa a observar importantes compositores nas Américas e na Ásia, por exemplo. Mas não que o festival não possa ter composições de outros séculos. Não é um festival de música contemporânea. É apenas um período que queremos cada vez mais abordar.
A vontade de Simone é de que a Semana Internacional de Música de Câmara se torne um evento anual no calendário da cidade. Para isso, ela já conseguiu reservar as datas para o festival do ano que vem: 17 a 24 de setembro.

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