De acordo com Binho, organizador de um dos eventos culturais
mais conhecido dentro e fora das favelas – fechado recentemente por não ter
conseguido alvará de funcionamento junto à prefeitura -, o número de encontros
deste gênero em atividade deve estar entre 50 e 80.
Ele conta que tudo começou por volta de 1995, quando vários
moradores reuniam-se em seu bar para a Noite da Vela. Quando, entre uma trica
de disco e outra, as pessoas começaram a pedir para recitar poemas, eles
entenderam que deviam abrir espaço para a poesia, e assim foi surgindo o ”Sarau
do Binho”.
No sarau, nasceram ainda atividades como a “postesia” – que
consiste em escrever poesias em placas de campanhas eleitorais pintadas e
devolvê-las, com os versos, aos postes – e foram organizadas a instalação de
uma biblioteca comunitária no bairro e ações da bicicloteca, que distribui
livros em casas e pontos de ônibus.
Para tentar angariar recursos para sanar as dívidas, reabrir
o espaço e retomar as atividades promovidas pelo Sarau – que incluem a
Biblioteca Comunitária, Bicicloteca, a circulação semanal em espaços culturais
alternativos da cidade e o lançamento de uma antologia dos poetas que se
apresentam por lá -, o organizador e os apoiadores da iniciativa lançaram
projeto no site de crowdfunding Catarse.
Sobre os mecanismos oficiais de incentivo à cultura, ele
afirma: “não chega quase nada aqui, então a periferia foi buscando uma brecha
nesse sistema”. Para ele, além da falta de interesse dos empresários em
investir em projetos culturais nas periferias, há ainda o problema do acesso
aos códigos utilizados ao se propor um projeto para aprovação.
“Não tem lei de incentivo, Lei Rouanet; para a periferia não
chega quase nada disso. Talvez com a ascensão do que chamam de classe C – não
sei que classe é essa –, vá chegar alguma coisa, mas é difícil porque você tem
que conhecer os meios. Se você não tem aqueles códigos para decifrar os
editais, não tem CNPJ, não tem aquelas condições, então essa lei, para a gente,
não beneficia nada”, declara.
Para ler a íntegra da matéria:
http://www.blogacesso.com.br/?p=5264
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