terça-feira, 2 de abril de 2013

Izaías e Seus Chorões e Quintal Brasileiro em novos concertos "Valsas e Retratos", no SESC Santana


Os grupos Izaías e Seus Chorões e Quintal Brasileiro − o primeiro, um quinteto de choro, o segundo, um quinteto de cordas − lançaram há pouco pelo Selo Sesc o álbum "Radamés Gnattali - Valsas e Retratos", no qual concretizaram o sonho de registrar, com arranjos originais, obras de Radamés Gnattali. O ponto alto do disco é a célebre "Suíte Retratos", dedicada a Jacob do Bandolim e lançada originalmente há quase 50 anos por Jacob e orquestra de cordas regida por Gnattali, um divisor de águas na evolução do choro.
No fim de semana de 5, 6 e 7 de Abril, Izaías e Seus Chorões & Quintal Brasileiro fazem três novos shows marcando o lançamento de "Valsas e Retratos", desta vez no Sesc Santana. Os espetáculos dão início a uma turnê de Izaías e Seus Chorões & Quintal Brasileiro pelo interior do Estado, com apresentações em unidades do Sesc São Paulo em Piracicaba, Campinas, Ribeirão Preto, Bauru, Presidente Prudente e São Carlos.

Principal gênero instrumental da música popular brasileira, o choro tem a capacidade de atrair e unir instrumentistas de diferentes gerações, além de ser um dos poucos gêneros que consegue colocar lado a lado músicos do universo popular e do erudito.
Exemplo disso é a admiração mútua que une os integrantes dos grupos Izaías e Seus Chorões (quinteto de formação popular) e Quintal Brasileiro (quinteto de formação erudita). Nos últimos dez anos, Izaías e Seus Chorões e Quintal Brasileiro apresentaram a "Suíte Retratos", de Radamés Gnattali, em momentos raros e pontuais. Durante todo esse tempo veio amadurecendo (especialmente em Luiz Amato, do Quintal Brasileiro, e em Izaías Bueno de Almeida) o sonho de gravação de um disco com a "Suíte Retratos"... Um sonho movido pela paixão que os dois músicos nutrem por Radamés, por Jacob e, muito especialmente, pela "Suíte Retratos", obra revolucionária, verdadeiro divisor de águas na história do choro − com ela começou a ser preparado o terreno para uma nova linguagem do gênero, que afloraria nos anos 1970 com o surgimento de uma geração de 'chorões'.
O sonho tornou-se realidade com "Radamés Gnattali - Valsas e Retratos", álbum lançado pelo Selo Sesc em Setembro de 2012.
Desde então, os dois grupos vêm apresentando o espetáculo "Valsas e Retratos", para marcar o lançamento do disco. É o que acontece agora, nesta série de três shows que fazem em 5, 6 e 7 de Abril, sexta, sábado e domingo, no teatro do Sesc Santana.
Retratos musicais − O CD "Radamés Gnattali - Valsas e Retratos" tem como 'atração principal' a "Suíte Retratos", escrita para "bandolim solista, orquestra e conjunto regional". Composta entre 1956 e 1958 por Radamés Gnattali  e dedicada a Jacob do Bandolim, a obra traz 'retratos musicais' de quatro das maiores figuras da história do choro: Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros e Chiquinha Gonzaga.
A peça é de altíssima exigência técnica para o bandolim. Tanto que, a princípio, Jacob ficou muito assustado! Só veio a gravá-la em Fevereiro de 1964, mais de cinco anos depois de receber a partitura...
"Radamés Gnattali - Valsas e Retratos" tem também quatro 'valsas populares': "Lábios que beijei" (J Cascata e Leonel Azevedo), "Cigana" (Paulo Roberto e Nonô), "Caprichos do destino" (Claudionor Cruz e Pedro Caetano) e "Jardim de flores raras" (Romualdo Peixoto e Nonô) − gravadas pelo Quintal Brasileiro juntamente com Izaías Bueno de Almeida ao bandolim e seu irmão Israel Bueno de Almeida ao violão de sete cordas. O que há de comum entre as quatro valsas? Foram todas elas gravadas por Jacob do Bandolim (em "Época de Ouro", LP RCA 'em Hi-Fi' de 1959), acompanhado por orquestra de cordas e com arranjos de Radamés Gnattali!
Tanto nos quatro "Retratos" como nas quatro valsas são seguidos à risca os arranjos de Gnattali, com a única diferença de que as partes de cordas foram reduzidas para os cinco instrumentos do Quintal Brasileiro.
Completam o CD obras do Radamés "erudito" − "Lenda e Choro" (composição de 1936) e "Valsa" (data de composição desconhecida), peças para quarteto de cordas. A execução é do Quintal Brasileiro (sem a participação do contrabaixista). Essas obras são praticamente inéditas, tanto em disco como em palco. "Lenda" e "Valsa" chegaram a ser gravadas, mas apenas uma única vez e em disco de distribuição não comercial. E de "Choro" não há qualquer registro de gravação...
Transcender as fronteiras − Apesar de sua formação erudita, Radamés Gnattali envolveu-se desde cedo com a música popular de qualidade, desenvolvendo nesse ambiente uma significativa carreira como instrumentista, compositor e arranjador. Em extensa produção convivem lado a lado, em igualdade de condições, composições e arranjos para músicos populares e peças de linguagem erudita.
Nesse mesmo espírito, a proposta de transcender as fronteiras da música erudita e a busca de uma maneira de tocar mais próxima da linguagem popular levaram o grupo Quintal Brasileiro a procurar representantes de uma linhagem de intérpretes diretamente ligados ao choro mais autêntico, encontrando "sua alma gêmea" no grupo Izaías e Seus Chorões − o mais antigo conjunto instrumental de São Paulo.
O grupo liderado pelo bandolinista Izaías Bueno de Almeida e seu irmão Israel, formado em 1974, é tido como referência, por seu refinamento e qualidade musical. Izaías, quase 60 anos de carreira, conviveu com os maiores nomes do choro, e inclusive manteve longa amizade com Jacob do Bandolim, que conheceu no Rio em 1957 − ele no início da carreira, Jacob já um nome consagrado.
Para Izaías, tocar a "Suíte Retratos" e outras composições junto com um quinteto de cordas do nível do Quintal Brasileiro é um privilégio para os músicos e para o público: "Só tenho a agradecer a oportunidade ao Luizinho Amato e à sua turma do Quintal. São músicos de verdade, que tiveram a humildade de 'Abrigar' estes chorões com todo o apoio e muito carinho", diz.
Nas palavras de Izaías Bueno de Almeida, seu grupo tem como objetivo “a preservação do lirismo, da graça e da simplicidade modelar e inusitada de executar o choro, a mais pura manifestação musical da alma brasileira”. Com vários discos gravados, o grupo tem em sua atual formação cinco notáveis instrumentistas: Izaías Bueno de Almeida (bandolim), Israel Bueno de Almeida (violão de 7 cordas), Edmílson Capelupi (violão), Getúlio Ribeiro (cavaquinho) e Tigrão (pandeiro).
Formado em 2002, o Quintal Brasileiro tem roupagem erudita mas sotaque e repertório popular. Sua proposta é a de tocar peças de música popular de maneira camerística. Mais do que isso, o grupo busca aliar a espontaneidade e o prazer de tocar do músico popular ao rigor técnico e à virtuosidade do músico erudito. A natureza do trabalho está implícita no nome “quintal”, que remete à ideia de um espaço prazeroso para experiências musicais criativas.
O grupo tem em sua formação dois violinos, viola, violoncelo e contrabaixo, instrumentos que fazem parte do núcleo central de uma orquestra sinfônica. Todos os seus integrantes trabalham em orquestras e universidades em posição de destaque: Luiz Amato (violino), professor da UNESP; Esdras Rodrigues (violino) e Emerson De Biaggi (viola), professores da UNICAMP; Adriana Holtz (violoncelo) e Ney Vasconcelos (contrabaixo), integrantes da OSESP. A proposta do Quintal Brasileiro manifesta-se vivamente nos dois CDs já lançados pelo grupo, “Abstrações” (2006) e “Vibrações” (2011) − sendo que este já contou com a participação especial dos irmãos Izaías e Israel Bueno de Almeida.
Para ouvir em casa − O CD "Radamés Gnattali - Valsas e Retratos", de Izaías e Seus Chorões & Quintal Brasileiro, assim como todos os lançamentos Selo Sesc, está à venda nas unidades do Sesc São Paulo da Capital e do Interior (endereços em sescsp.org.br) e também pela internet – em lojasesc.org.br. O preço é R$ 20,00. 
S E R V I Ç O
IZAÍAS E SEUS CHORÕES & QUINTAL BRASILEIRO
Espetáculo de lançamento de
Radamés Gnattali - Valsas e Retratos

CD do Selo Sesc
5 de Abril, sexta-feira, 21 horas
6 de Abril, sábado, 21 horas
7 de Abril, domingo, 18 horas

Izaías e Seus Chorões
Izaías Bueno de Almeida (bandolim), Israel Bueno de Almeida (violão de 7 cordas), Edmilson Capelupi (violão), Getúlio Ribeiro (cavaquinho), Tigrão (percussão)

Quintal Brasileiro
Luiz Amato (violino), Esdras Rodrigues (violino), Emerson De Biaggi (viola), Adriana Holtz (violoncelo) e Ney Vasconcelos (contrabaixo)
Repertório

Lábios que beijei (Leonel Azevedo e J Cascata) − arranjo de Radamés Gnattali
Suíte Retratos para bandolim solista, cordas e conjunto regional (Radamés Gnattali)
Retrato de Pixinguinha
Retrato de Ernesto Nazareth
Retrato de Anacleto de Medeiros
Retrato de Chiquinha Gonzaga
Cigana (Paulo Roberto e Romualdo "Nonô" Peixoto) − arranjo de Radamés Gnattali
Apanhei-te cavaquinho (Ernesto Nazareth) − arranjo de Luiz Amato
Lenda para quarteto de cordas (Radamés Gnattali)
Noites cariocas (Jacob do Bandolim) − arranjos de Newton Carneiro [quinteto de cordas] eIsrael
Bueno de Almeida [quinteto de cordas + regional]
Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro) − arranjo de Israel Bueno de Almeida
Papo de anjo (Radamés Gnattali) − arranjo de Israel Bueno de Almeida
Lamentos (Pixinguinha e Vinícius de Moraes)− arranjo de Israel Bueno de AlmeidaOdeon (Ernesto Nazareth) − arranjo de Nelson Ayres
 
Sesc Santana (teatro, 335 lugares)
Av. Luiz Dumont Villares 579, Santana, tel. 2971-8700

Ingressos
R$ 16,00 [inteira]
R$ 8,00 [usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante] e R$ 4,00 [trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc São Paulo e dependentes]. À venda pela rede IngressoSesc em todas as unidades.

Duração
~90 min
Indicação etária
Livre para todas as idades

 

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