sexta-feira, 19 de abril de 2013

Música clássica celebra o bicentenário dos compositores Giuseppe Verdi e Richard Wagner


É difícil encontrar paralelo no mundo da música em relação à criatividade de Giuseppe Verdi (1813-1901). Já ao compositor Richard Wagner (1813-1883) é atribuído, entre outros, o feito de reinventar a ópera como drama musical. Sua meta foi criar uma expressão artística que conseguisse congregar todas as demais: poesia, drama, música, canção e até pintura. Por tudo isso, no ano em que se comemoram os 200 anos de nascimento dos dois compositores, o cenário da música erudita mundial se prepara para diferentes formas de celebração. No Brasil e, especialmente em Minas Gerais, não será diferente.
A homenagem mais relevante virá da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. O primeiro ato da ópera 'A Valquíria', de Wagner, ganhará o palco do Grande Teatro do Palácio das Artes em formato de concerto. A obra é um dos momentos mais importantes do compositor e uma das quatro óperas que compõem 'O anel dos nibelungos'. Na ocasião, Eliane Coelho, soprano brasileira de destacada carreira internacional, e os cantores Eduardo Villa e Denis Sedov darão vida aos personagens do drama musical. Ao longo da temporada, o grupo promete executar outras peças de Wagner.
Giuseppe Verdi, um dos compositores mais festejados do mundo da ópera, também será tema de concertos da filarmônica, com execução de programas com presença de solistas, além dos corais líricos de Minas Gerais e do Theatro Municipal de São Paulo. Fabio Mechetti, diretor artístico e regente titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, aposta nesse encontro como um das mais marcantes dos últimos anos. “A execução do dramático e majestoso 'Réquiem' do grande compositor promete uma noite imperdível”, aposta.
“Os dois compositores não só consolidaram as tradições já existentes na ópera italiana e alemã, como abriram novos caminhos a serem explorados subsequentemente, especialmente Wagner, ao introduzir o conceito da obra de arte total”, salienta Mechetti. O que mais impressiona o regente na obra dos compositores é o grau de genialidade presente nas criações. “Eles conseguem tocar o público 200 anos depois. Pouca coisa hoje em dia digna-se a tanto”, compara o maestro, que destacará trechos mais sinfônicos das obras dos compositores.
Máscaras Para festejar a arte de Verdi, a Fundação Clóvis Salgado também promete se movimentar, com a apresentação, em outubro, de nova versão para o clássico 'Um baile de máscaras'. Será a terceira vez que os mineiros verão a ópera, que já foi apresentada nas extintas programações realizadas pelo Teatro Francisco Nunes e, em 1977, pelo próprio Palácio das Artes. Desta vez, haverá participações da Orquestra Sinfônica e do Coral Lírico de Minas Gerais, que subirão ao palco do Grande Teatro do Palácio das Artes, provavelmente sob a regência do atual titular, Marcelo Ramos.
'Um baile de máscaras' é uma ópera do período médio de Giuseppe Verdi. Composta em 1857, sinfonicamente, como explica o maestro Luiz Aguiar, pesquisador do assunto, é mais evoluída em relação às demais feitas pelo italiano. Até então ele havia explorado a presença da orquestra como coadjuvante, somente ilustrando o texto cantado no palco. “Aqui começa a famosa fase em que resolve dar um salto maior, explorando caminhos que, até então, a orquestra não havia alcançado. Quando a melodia surge, o espectador sabe que representa um personagem específico”, explica Aguiar.
Além de elenco composto de vozes bastante apuradas, a remontagem de 'Um baile de máscaras' vai exigir um exercício a mais dos realizadores, devido à complexidade da história. Como o romantismo naquele período já demonstrava sinais de desgaste, Verdi opta por ambientar a trama realizando uma espécie de retração de um fato histórico real, inspirado na vida do rei Gustavo III, da Suécia. Dividida em três atos, com texto de Antonio Somma, inspira-se no assassinato do rei, mas não é historicamente exata.

Giuseppe Verdi - (1813-1901)
O italiano escreveu 42 obras, incluindo 28 óperas. Nascido na aldeia de Le Roncole, perto de Parma, se destacou como um dos maiores compositores do período romântico italiano e se tornou um dos mais influentes de seu tempo. Alguns de seus temas transcenderam os limites do gênero se tornando populares, como “La donna è mobile”, de Rigoletto, e “Va, pensiero”, de 'Nabucco'. Algumas de suas óperas, como 'Macbeth', 'La traviata', 'Aída' e 'Rigoletto' se tornaram clássicos da cultura universal, sendo ainda executadas nos principais teatros em todo o mundo. A obra de Verdi está ligada à afirmação da Itália como nação unificada. O canto em sua obra aparece acima de tudo. Segue a tradição italiana, que valoriza a voz. A orquestra tinha mais a função de acompanhamento.

Richard Wagner - (1813-1883)
Nascido em Leipzig, na Alemanha, depois de uma temporada de estudos de música e literatura foi nomeado maestro de coro de Würzburg, em 1833. Morou em várias cidades até que, em Dresden, foi nomeado regente da ópera da corte. Estudou a poesia alemã, que se tornou base de suas criações musicais. A virada na carreira se deu quando o rei Ludwig II convidou-o para ir a Munique e patrocinou a ópera 'Tristão e Isolda', drama musical de amor e morte. A obra é descrita como um marco do início da música moderna. Sua produção musical consta de 43 obras, entre elas 13 óperas. Criou o Festival de Bayreuth, na Baviera, para apresentar seus ciclos operísticos. Publicou ensaios polêmicos em que atacava a influência dos judeus na cultura alemã. O maestro Luiz Aguiar explica que, melodicamente, o canto wagneriano é uma declamação lírica e que cabe à orquestra a grande função no espetáculo.
Verdi e Wagner em concerto

EM MINAS
Orquestra Filarmônica
Dia 4 de Julho
Trechos das obras de Verdi ('As vésperas sicilianas') e Wagner ('O navio fantasma'), executadas pela pianista Lilya Zilberstein, darão início às comemorações aos 200 anos dos artistas.

Dia 16 de julho
Primeiro ato da ópera 'A Valquíria', de Richard Wagner. Eliane Coelho, Eduardo Villa e Denis Sedov trarão à vida Sieglinde, Siegmund e Hunding.

Dia 25 de julho
Os solistas Mariana Ortiz (soprano), Elise Quagliata (mezzo-soprano), Fernando Portari (tenor), Denis Sedov (baixo) e os corais líricos do Theatro Municipal de São Paulo e de Minas Gerais estarão com a Orquestra Filarmônica para executar o 'Réquiem' de Giuseppe Verdi.
*Os concertos serão realizados às 20h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes. Ingressos de R$ 30 a R$ 60. Informações: www.filarmonica.art.br
Fundação Clóvis Salgado

Outubro
Estreia da remontagem de Um baile de máscaras, de Giuseppe Verdi, com participações da Orquestra Sinfônica e Coral Lírico de Minas Gerais, no Palácio das Artes.

NO BRASIL
Theatro Municipal do Rio de Janeiro
. 'Aída', de Giuseppe Verdi – As récitas terão a direção musical de Isaac Karabtchevsky, a direção cênica de Iacov Hillel e os cenários de Helio Eichbauer. No elenco, Fiorenza Cedolins e Anna Smirnova. Dias 20, 23, 26 e 28 de abril e 1º de maio
. 'A Valquíria', de Richard Wagner – Com direção musical de Luiz Fernando Malheiro, direção cênica de André Heller-Lopes. No elenco, Eliane Coelho e Zvetan Michailov. Dias 14, 17, 19 e 21 de julho.
Theatro Municipal de São Paulo
. Aída, de Giuseppe Verdi, com regência de John Neschling e participações da Orquestra Sinfônica Municipal e Coral Lírico. Dias, 9, 11, 13, 15, 17, 18, 20, 22, 24 e 25 de agosto.

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