quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Osesp toca obra rara de Mahler esta semana


Sala São Paulo - Platéia.

A Osesp fará entre esta terça-feira e sábado, na Sala São Paulo, o que será provavelmente o mais monumental dos concertos de sua longa história de quase 60 anos. Será a "Sinfonia nº 8", de Gustav Mahler (1860-1911), com 109 instrumentistas, oito solistas vocais e mais quatro conjuntos corais, somando 320 intérpretes no palco. Os ingressos estão esgotados.
Essa imensa máquina sonora estará sob a regência do maestro russo Gennady Rozhdestvensky.
Conhecida, em razão da quantidade de músicos, como a "Sinfonia dos Mil", a "Oitava" estreou em Munique, em 1909, durante um período particularmente doloroso para o compositor.
Pouco antes da estreia, sua mulher, Alma Mahler, iniciou um caso amoroso com o arquiteto Walter Gropius. Ainda durante os primeiros ensaios, Mahler, que era cardíaco e viveria por pouco mais de um ano e meio, conheceria o escritor Thomas Mann e viajaria para se consultar com Sigmund Freud.
O maestro Rozhdestvensky, 80, já havia regido em 2009 dois programas da Osesp, com destaque para uma "Sinfonia nº 10", de Dmitri Chostakovitch.
Qualificado por Prokoviev aos 20 anos de "super-gênio", ele já foi o principal maestro das sinfônicas de Viena e da BBC e da Filarmônica de Estocolmo. Na Rússia, dirigiu a Sinfônica Tchaikovsky, a orquestra do Teatro Bolshoi e a Sinfônica do Ministério da Cultura. Rege notavelmente peças do fim do século 19 e da primeira metade do século 20.
Informação importante: para a recuperação das vozes, os concertos serão em dias alternados: terça, quinta e sábado, ao invés de quinta, sexta e sábado, como o faz habitualmente a Osesp. Os ingressos para a "Oitava" já estão esgotados.
A sinfonia é pouco convencional. Em lugar de quatro movimentos, como o de costume no gênero, são apenas duas partes. A primeira, cantada em latim, é baseada em hino do século 9 para o Pentecostes, e a segunda, em alemão, traz a cena final de "Fausto", de Goethe.
Em ambas está presente a ideia otimista de redenção pelo poder do amor, algo meio paradoxal com relação ao próprio Mahler, em geral pessimista e inconformado.
Jorge de Almeida, professor da USP e reconhecido especialista em Mahler, diz em texto no programa da Osesp que "a escolha do Fausto permitiu equilibrar a grandiosidade musical da primeira parte com a reconhecida grandeza literária do texto da segunda, abrindo espaço para que a música pudesse recuperar o fôlego em uma longa introdução instrumental, como se a orquestra delineasse os fiordes, rochedos e florestas que compõem o cenário dessa cena na peça de Goethe."

Serviço:
OSESP E A "8ª" DE MAHLER
quinta, às 21h; sáb., às 16h30
Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, 16; tel. 0/xx/11/3223-3966)
de R$ 24 a R$ 135 (esgotados)
CLASSIFICAÇÃO 7 anos

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