A polêmica em torno da audição dos músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira virou destaque no blog de Norman Lebrecht, um dos mais influentes jornalistas musicais do mundo.
Na primeira menção, em 6 de março, Lebrecht chamou a atenção para a mobilização que a audição estava tendo nas redes sociais da internet, especialmente no facebook. O jornalista menciona o protesto de diversos músicos em preencher de preto as suas fotos no perfil do facebook, bem como a carta aberta do oboísta Alex Klein ao maestro Roberto Minczuk, que pede a reconsideração da imposição da audição interna.
Conforme escreve Lebrecht, trata-se de uma questão de caráter mais “interno e trabalhista, de importância apenas local para as condições dos músicos no Brasil – embora alguns comentários na minha página do facebook, de músicos de outros países, indiquem níveis de intensa solidariedade e condenação do processo de reaudição.” E o jornalista segue: “Mas o fato de os músicos usarem o facebook como veículo de protesto confere ao assunto uma importância que extrapola a questão local e que demonstra que a administração da orquestra não pode atropelar cruelmente os opositores. O caso poderia sinalizar uma nova fase na negociação musical”.
Nos dias seguintes, o blog postou a resposta do maestro Roberto Minczuk, diretor artístico da OSB, a réplica da Comissão dos Músicos da OSB, bem como diversos outros comentários.
Em fevereiro, a Fundação OSB anunciou uma série de medidas que teriam como finalidade o aprimoramento artístico do conjunto. Além de novas regras para cálculo da remuneração dos músicos – que segundo a Fundação OSB elevaria os rendimentos para até R$ 11 mil – e audições internacionais para a contratação de novos instrumentistas, a direção também decidiu reavaliar os membros atuais da orquestra, o que gerou o protesto. Os músicos não concordam com uma avaliação de perfórmance em um teste de 30 minutos, que seria típica para novos instrumentistas. Segundo a comissão dos músicos, “os músicos certamente aceitariam um programa de ‘avaliação de perfórmance’ desde que os critérios utilizados fossem os mesmos de instituições sérias [...]. Nesse caso, a avaliação leva em conta a perfórmance dos músicos em um determinado período (por exemplo, anual) e seria obrigatoriamente sujeita à revisão pelos chefes de naipe e o maestro. A avaliação não poderia nunca ser reduzida a uma apresentação individual, que pode ser influenciada por inúmeros fatores”.
Em sua carta, o maestro Roberto Minczuk esclarece que “a avaliação servirá para consertar alguns antigos problemas”. E segue: “Não há, por exemplo, registros escritos para as admissões feitas antes do ano de 2006. É sabido que muitas vezes as audições foram feitas de forma bastante informal, sem seguir padrões que garantiriam imparcialidade e isenção. Elas não foram feitas “atrás do biombo” e o repertório, para nenhuma das posições, era suficientemente exigente. Há na orquestra músicos que foram contratados sem nenhuma audição formal, mesmo em posições importantes, o que gerou muitas reclamações entre os próprios músicos”.
Ainda segundo o blog de Norman Lebrecht, a violinista alemã Isabelle Faust, que seria um dos cinco convidados internacionais que participariam do júri de reavaliação, não participará de nenhum processo de audição e apenas se apresentará como solista da orquestra, em 11 de maio.
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