sexta-feira, 11 de maio de 2012

Esculturas no topo dos prédios são 'acupuntura' no tecido urbano, diz Gormley


Antony Gormley, o artista britânico que espalhou 31 esculturas moldadas a partir do próprio corpo pelo centro de São Paulo, disse nesta quinta (10) em palestra no Centro Britânico Brasileiro que suas obras são uma espécie de "acupuntura" no tecido urbano.
No topo de prédios no vale do Anhangabaú, praça do Patriarca e outros pontos do centro, seus homens metálicos lembram suicidas solitários prestes a despencar no meio da multidão.
"Essas esculturas provocam uma espécie de acupuntura na complexa matriz de uma grande cidade", disse Gormley. "Elas reativam nossa relação com tudo aquilo que é palpável, visível e ao mesmo tempo com o que só pode ser imaginado."

Gormley relembrou experiências passadas com esse mesmo grupo de obras. Quando instaladas ao longo do Tâmisa, em Londres, o artista diz ter visto nelas um caráter "lírico, pacífico". Espalhadas por arranha-céus de Nova York, elas provocaram uma sensação de "pânico" e "desespero", nas palavras do artista.
Gormley disse que as peças em Manhattan também evocaram a lembrança de corpos despencando das Torres Gêmeas durante os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

Em São Paulo, no entanto, Gormley chega a duvidar se as estátuas vão ser notadas. "A fluidez e variedade das coisas que acontecem nas ruas da cidade são tão estimulantes que as pessoas vão acabar ignorando essas esculturas", disse. "Espero que essa obra ajude a tornar esse ambiente mais aberto, mais reflexivo."
Ele também defendeu a ideia de obras de arte espalhadas pelo espaço urbano como um contraponto às "condições hospitalares" de museus e galerias de arte, alegando que num mundo cada vez mais virtual essa presença física pode reativar os sentidos.

Além das ruas do centro, Gormley também ocupa a partir deste sábado (12) todo o Centro Cultural Banco do Brasil com uma ampla retrospectiva de seus trabalhos. Outras esculturas do vencedor do prêmio Turner também estão expostas num galpão da rua Agostinho Rodrigues Filho, na Vila Mariana.
Até domingo (13), o artista pode ser visto no estande de sua galeria, a White Cube, na SP-Arte, no pavilhão da Bienal de São Paulo.

SILAS MARTÍ

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