quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Família Bach em “Concertos UFRJ” (RJ)

 Imagem: Famíla Bach, Toby Edward
Caso extraordinário, mas não único, na história das artes, a família Bach produziu em seu seio durante séculos grande quantidade músicos de talento.

O sobrenome Bach está hoje, quase invariavelmente, associado a Johann Sebastian (1685-1750), um dos pilares da tradição musical ocidental. No entanto, a família Bach ofereceu ao mundo outros compositores importantes que, embora não tenham alcançado o patamar do mestre de Leipizig, produziram obras significativas. A edição Concertos UFRJ desta semana reprisa o prograna dedicado a este clã notável – exemplo jamais superado de talentos musicais concentrados em uma única família.
A extraordinária dinastia musical da família Bach começou com o trisavô de Johann Sebastian, Veit Bach (c 1550 - 1619), e se extinguiu em meados do séc. XVII com seu neto Wilhelm Friedrich Ernst Bach (1759 – 1845). Durante esse período, mais de 70 dos seus membros, segundo o Dicionário Grove de Música, seguiram carreira musical.
Originário de uma região da atual Hungria, Veit Bach, moleiro e músico amador, migrou para a Turíngia, Alemanha Central, por volta de 1545, em decorrência da expulsão dos protestantes. Aí viverá a família Bach, até que os filhos de Johann Sebastian busquem horizontes mais amplos.
Das gerações anteriores a Johann Sebastian, o programa destaca os seus tios-avôs e compositores Johannes Hans Bach (1604-1673) e Heinrich Bach (1615-1692).  Heinrich teve vários filhos músicos, sendo o mais proeminente Johann Christoph Bach (1642-1703), organista e cravista da corte, em Eisenach, e primo em segundo grau de J. S. Bach, segundo o qual teria sido “talentoso tanto na invenção de belas ideias quanto na expressão e palavras" e composto em “um estilo galant, cantábile, com uma textura incomumente rica”.
Da extensa prole de J. S. Bach, quatro filhos se tornaram compositores. Wilhelm Friedemann Bach (1710-1784), o primogênito, demonstrou desde cedo grande talento, embora não tenha conseguido desenvolver uma carreia estável, o que resultou numa vida errante de músico e educador, não raro marcada por adversidades financeiras. Seu estilo oscilou entre o velho e o novo, com características que, não raro, antecipam a tensão emocional do romantismo, ao lado de elementos barrocos “arcaicos”, intimamente relacionado à estética da escola de organistas do norte da Alemanha do final século XVII. Apesar dessa ambivalência estética deixou boa quantidade de peças de excelente qualidade e foi muito apreciado há seu tempo pela notável capacidade de improvisação.
Ao contrário do seu irmão mais velho, o disciplinado Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788) viveu 28 anos como músico de Frederico II, o Grande, e, em 1768, sucedeu a Telemann como diretor musical da corte de Hamburgo. Em vida desfrutou de fama e prestígio. Menos influenciado pela música de seu pai do que seu irmão mais velho e fortemente marcado pelo espírito do movimento pré-romântico Sturm und Drang, produziu partituras cheias de mudanças bruscas de temperamento e notas dissonantes, tornando-se o principal representante do estilo Empfindsamkeit (“sentimentalidade”), que exerceu influência decisiva sobre compositores de gerações posteriores como Haydn e Mozart.
Johan Christian Bach (1735-1782) foi o mais novo dos filhos de Johann Sebastian, tendo estudado com o pai e, posteriormente com seu meio-irmão Carl Philipp Emanuel e com seu primo Johann Elias. Em 1754, foi à Itália, aperfeiçoar-se na arte do contraponto com o padre Giovanni Battista Martini e, de 1760 a 1762, trabalhou como organista na catedral de Milão.  Em 1762 transfere-se para Londres, onde alcançou enorme sucesso e ficou conhecido como “o Bach inglês”. Sua música é altamente melódica e estruturada de forma brilhante, destoando da do seu pai e da dos irmãos mais velhos. Ele compôs segundo a estética galant, que incorpora frases balanceadas, com destaque para a melodia e para o acompanhamento, sem muita ênfase na complexidade contrapontística.
O último filho de Johann Sebastian a tornar-se compositor, Johann Christoph Friedrich Bach (1732-1985), estudou com o pai e com seu primo Johann Elias. Em 1750 foi nomeado, pelo Conde Wilhelm de Schaumburg-Lippe, cravista de Bückeburg e em 1759, spalla. Devido à predileção do nobre pela música italiana, se viu obrigado a adaptar-se, ainda assim retendo traços do estilo do pai. Lamentavelmente, uma parte significativa de sua produção foi perdida na Segunda Guerra Mundial.
Apresentado por André Cardoso, diretor da EM e regente titular da Orquestra Sinfônica da UFRJ, a série Concertos UFRJ é resultado de uma parceria da Escola de Música (EM) com a Roquette Pinto e vai ao ar toda segunda-feira, às 22h, na sintonia 94,1 FM. As edições anteriores do programa podem ser acompanhadas on line ou por meio do podcast (áudio sob demanda) da Roquette Pinto (FM 94,1).
Contatos através do endereço eletrônico:  concertosufrj@musica.ufrj.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.

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