terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Percussão – Curiosidades.

Percussão

O Bombo (ou bumbo) é o maior tambor do naipe da percussão orquestral: ele pode ter mais de um metro de circunferência e possui pele retesada em cada uma de suas faces. É percutido por uma baqueta que tem um pompom de algodão ou feltro na ponta. O responsável por usá-lo pela primeira vez na música clássica foi Mozart. Na ópera  O Rapto do Serralho  (1782), o compositor desejou dar um realce extra à música, “turca” que colocou ali, com o auxílio desse tonitruante instrumento. E conseguiu um portentoso efeito...
Os tímbales, também chamados de tímpanos, de fundos arredondados como cúpulas invertidas e que podem ser afinados, foram empregados aos pares desde o século XVIII. Haydn itilizou-os em duas de suas sinfonias, dando a eles papéis bem distintos. Na Sinfonia nº 94 em Sol Maior – A Surpresa, de 1791, os tímbales explodem, com o auxílio de toda a orquestra, depois que os violinos acabam um longo fraseado, bem baixinho, durante o movimento lento. O humorado Haydn disse ter posto nesse ponto essa espantosa Timbalada a fim de acordar algum eventual dorminhoco.
E foi também com timbales, só que tratados como autênticos instrumentos solistas e sem qualquer apoio orquestral, que Beethoven deu uma força extra à sua extraordinária Nona Sinfonia  1824. Isso acontece logo no início do segundo movimento, o muito enérgico scherzo, repleto de vitalidade rítmica e de grandiosidade que beira a selvageria, a revolução.
Durante o Romantismo, os compositores deram asas à imaginação ao empregar a percussão em suas obras. Um dos exemplos mais curiosos dessa tendência está nos toques cristalinos do pequeno triângulo de metal, que Liszt introduziu no seu  Primeiro Concerto para piano e orquestra  (1848). Esses toques produziram efeito hilariante na crítica mais tradicionalista da época, que imediatamente apelidou a obra de “Concerto para Triângulo”
E por falar em concerto para piano, Ravel abriu o seu Concerto em Sol maior (para ambas as mãos do instrumentos, de 1931) com um sonoro golpe de... chicote. Como o chicote habitual poderia machucar uma parte nada desprezível dos integrantes da orquestra, o instrumento que recebe esse nome em uma sinfônica consta de duas tábua de madeira que, batidas, produzem estalido bem semelhante ao do rebenque verdadeiro. E já que estamos em Ravel, nunca é demais lembrar que ele dá início ao arqui-famoso Bolero de 1928, com o ritmo enunciado por uma caixa-clara, o tambor militar. Durante 17 minutos que dura essa dança obsedante, não há um segundo de descanso para ele, que toca exatamente o mesmo padrão rítmico o tempo todo.
Foi no século XX que a percussão ganhou especial importância na música clássica. A desbravadora Sagração da Primavera (1913) de Igor Stravinsky inaugurou de maneira brilhante essa tendência que teria uma posteridade de altíssima qualidade, como exemplificam Ionisation (1931), partitura que Edgar Varèse concebeu para 37 instrumentos de percussão. O Mandariam Maravilhoso,  Opus 19 (1818-19) de Béla Bartok, Chronocbromie (1960) de OIiver Messiaen e Tituel (1974) de Pierre Bourlez. O trepidante século passado foi responsável por uma novidade no domínio da música erudita; a criação de conjuntos e até mesmo de orquestras integradas apenas por instrumento de percussão. Eles, aliados aos meios de transformação e de geração sintérica de sons, parecem continuar na ordem do dia desses primeiros anos do século XXI

J. Jota de Moraes
Programa de Concerto – set / out 2009. p. 8-10

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