sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O loteamento de Andrea Matarazzo (Secretário Cultura do Est. De São Paulo)


Andrea Matarazzo
Secretário de Cultura do Est. de São Paulo

Sugestão para o governador Geraldo Alckmin: se não quiser que Andrea Matarazzo destrua a política cultural do seu governo, troque o secretário ou, pelo menos o deixe me banho maria até providenciar sua substituição.
O setor está sob ameaça de uma não-ação e de algumas ações condenáveis.
A não ação é a própria inação da Secretaria.
Este ano, Andrea conseguiu o feito de interromper – pela primeira vez desde 1962 – o Festival Música Nova de Santos, o histórico festival do maestro Gilberto Mendes, que ajudou a desenhar a música de vanguarda brasileira.
Faltando pouco mais de seis meses para o início do Festival de Campos de Jordão – o maior evento artístico do estado – Andrea não definiu ainda a entidade que irá tocar o projeto. Nesses eventos o planejamento começa dois anos antes, devido à agenda carregada das grandes estrelas mundiais.
Ambas as (in)decisões são frutos do temperamento de Andrea, um "poseur" sem vocação de homem público.
As decisões temerárias se situam no campo do aparelhamento político das Organizações Sociais, responsáveis por gerir equipamentos públicos.
Em São Paulo, as OSs de cultura foram criadas na base da gambiarra. O então Secretário Marcos Mendonça baseou-se na lei das OSs da saúde.
Não existe licitação. Mas exige-se uma pré-qualificação de cada candidata a OS, experiência anterior comprovada. Copiou-se a OS da saúde tirando todas as pré-condições, para permitir um aparelhamento delas, como Mendonça fez no projeto Guri. Em vez de OSs nascidas da sociedade civil, criaram-se algumas entidades compostas por militantes que se apossaram do equipamento público.
A gestão João Sayad corrigiu parte dessas distorções e definiu políticas culturais com base em um diagnóstico preparado por quatro universidades do estado.
Agora, enquanto se prepara para sair, Andréa aumentou a comunicação social da secretaria de cinco para 30 pessoas. E se prepara para premiar duas OSs sem tradição no setor.
A Banda Sinfônica, Orquestra Jazz Sinfônica s Orquestra de Ópera e o Teatro São Pedro estão sendo entregues ao Instituto Pensarte - de pouco mais de dez anos e sem nenhuma tradição na gestão cultural. Seu proprietário é Fabio de Sá Cesnik, um advogado especializado em incentivos culturais – e apenas isso.
Na Internet, o objetivo da Pensarte é descrito assim:
http://www.pensarte.org.br/index.php?option=com_content&view=frontpage
Instituto Pensarte é uma organização cultural de interesse público fundada em 2000 com o objetivo de articular a sociedade em torno da importância estratégica da cultura. Protagonizou neste período o avanço das políticas culturais, envolvendo-se com importantes causas, no Brasil e no exterior.
Para articular-se em busca do avanço das políticas culturais no Brasil e no exterior, oInstituto Pensarte publica uma série de livros de caráter reflexivo e formativo, trabalhando pelo aprimoramento e profissionalização da atividade cultural. Realiza seminários, fóruns e discussões sobre o tema, à procura de proposição e diálogo com todas as instâncias da sociedade, sobre a relevância da cultura como elemento estratégico em busca do desenvolvimento sustentável.
A busca de uma nova agenda política que insira a cultura em primeiro plano, o diálogo com meios de comunicação, organizações públicas e privadas, é função estratégica do Pensarte, que atua também em âmbito internacional, propondo discussões pertinentes à cultura e suas diversas dimensões na arena global.
Não há nada, em remotamente, que permita acreditar em sua experiência na gestão de orquestras, teatros, montagem de temporadas e todos os procedimentos complexos exigidos pelo setor.
O setor virou uma bagunça. Os músicos de todas as orquestras terão que ser demitidos da APA (Associação Paulista dos Amigos da Arte, que tinha história) para serem contratados pela nova OS.
Não há a menor condição de montar a programação do próximo ano para a Banda Jazz e a Jazz Sinfônica, porque sequer se sabe quem serão os novos músicos e qual o orçamento.
Há uma segunda OS sendo criada para gerir outros equipamentos relevantes. E saída da máquina pública.
Repito: antes que Andrea consolide o desmonte do setor, é bom Alckmin e o Chefe da Casa Civil Sidney Beraldo entrarem em cena.
Luis Nassif

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