sexta-feira, 13 de setembro de 2013

John Nechling, um desabafo?

 


No dia 08 de setembro John Nechling editou um pequeno texto no facebook onde ele se posiciona sobre uma matéria cujo o conteúdo é a Osesp, publicada na revista inglesa The Spector assim como lança um olhar crítico sobre a atual situação administrativa e artística da Osesp.

Nosso intuito em públicar tal texto está centrato única e excusivamente em informar, já que consideramos inquestinável a sua importância na história da instituição o que faz de sua opinião merecedora de toda atenção e reflexões.

Leia abaixo o referido texto.

 
“A revista inglesa The Spectator ( www.spectator.co.uk) traz um artigo de Damian Thompson sobre a OSESP, que se prepara para uma viagem à Europa, durante a qual se exibirá nos Proms Concerts em Londres, creio que pela segunda vez. Até aí tudo perfeito: é natural e compreensível que a orquestra convide uma publicação européia para que venha a São Paulo, assista um concerto, e depois escreva e crie expectativa antes de uma tournée para o velho continente. É também normal que a matéria se concentre na atual diretora musical da orquestra, embora não seja lá muito elegante dizer que a maestrina chicoteia a orquestra para entrar em forma ( “Marin Alsop whip São Paulo´s orchestra into shape...”).

Lá pelas tantas, após dizer que a OSESP não pertence à elite das orquestras mundiais (estranho - quando deixei a orquestra em 2008, a revista Gramophone, igualmente inglesa e tão ou mais importante do que o Spectator, colocava a OSESP entre as melhores do mundo...), mas que pode chegar lá, e de louvar o seu funcionamento administrativo (!), Thompson toma a liberdade de falar de mim nesse enredo, mas de forma que me deixou indignado. Do alto dos meus 66 anos, não sou mais obrigado a engolir calado esse tipo de insulto A única menção que o Spectator faz ao meu imenso trabalho frente à OSESP, sem o qual Marin Alsop não poderia nem sonhar em ir reger em Londres à frente da orquestra, é ao dizer que o “regente anterior da orquestra (sic) era John Neschling, que fez algumas boas gravações, mas que ficou conhecido por seus chiliques que acabaram por afastar os bons solistas de São Paulo”.

Essa redução absurda de meu trabalho e essa mentira deslavada só pode ter sido contada por quem o convidou para escrever e por quem lhe deu os subsídios para a matéria. O jornalista Arthur Nestrovsky, atual diretor artístico da instituição, diz que após a minha saída sentiu que necessitava alguém de renome internacional para dirigir o conjunto. Eu diria, sem nenhum medo de exagerar, que a OSESP é quem mereceria um diretor artístico de competência – e bastava nacional - para substituir a metade do trabalho que eu fazia.

 O jornalista inglês parece que não foi informado de que o “regente anterior” (sic), quando foi chamado, encontrou uma orquestra que ganhava tanto quanto um pipoqueiro, ensaiava num restaurante e que, nos concertos no Memorial da América Latina, tinha menos gente na platéia do que no palco. Os atuais administradores querem fazer crer que a OSESP atual é fruto de geração espontânea, ou dos novos modelos de governança trazidos por conselheiros estrangeiros e seus aprendizes de feiticeiro. Parece que não lhe disseram que quem construiu a OSESP nova, inspirou a construção da Sala São Paulo, trouxe os maiores nomes do circuito musical internacional para reger e tocar em São Paulo, gravou mais de 35 CDs que foram agraciados com dezenas de prêmios nacionais e internacionais, entre eles o Grammy e o Diapason d’Or de l’Année, quem levou a orquestra a duas tournées pelos USA e três pela Europa, com sucesso de público e de crtítica, quem criou o sistema de assinaturas que em 2008 tinha mais de 12.000 assinantes, quem criou a Academia da OSESP, foi “o regente anterior” (sic) e não um um maestro histérico que assustava pianistas desavisados.

 Há um limite para a capacidade de obliterar a história. Depois de 5 anos de minha conturbada saída, os atuais gestores da OSESP continuarem cuspindo no prato em que comeram durante 12 anos é no mínimo desonesto e vergonhoso. Demonstra um desrespeito aos próprios músicos e coralistas, aos funcionários, ao público e ao Governo Paulista. Ou então demonstra o medo que esses administradores medíocres têm de, algum dia, ter de voltar a comer do prato em que cuspiram.”

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