sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Coro - O que é?


 
Etmologia. O port. esp. it. coro; fr. choeur, ambos do século XII; ing. chorus; al. Chor, ambos do século XVII, é o lat. chorus; gr. khorós, dança em coro, coro, canto executado pelo "coro".

Definição. Conjunto de cantores que executam, em uníssono ou a várias vozes, obras musicais. Extensivamente, designação das composições polifônicas executadas por esses conjuntos, e cuja característica fundamental é a presença de mais de uma voz em cada parte.
 
Para participar de um coro, o cantor não precisa possuir dotes excepcionais. São necessários, entretanto, afinação correta, que resulta da exata percepção dos intervalos sonoros, sentido rítmico e alguma prática de solfejo, além da musicalidade, conhecimento dos diversos estilos do repertório coral e disciplina rigorosa.

Nas sociedades corais populares, a técnica vocal é geralmente rudimentar. Os grupos profissionais devem apresentar, no mais alto nível, os requisitos mencionados, tendo em vista as dificuldades das obras que interpretam e a responsabilidade das apresentações públicas. Cantores que dispõem de vozes mais trabalhadas e potentes muitas vezes perturbam as execuções, porque, num coro, é fundamental evitar qualquer destaque individual.

Técnica. Independente do número de participantes, o objetivo básico de todo coro é atingir uma perfeita homogeneidade, de forma que nenhuma das partes desequilibre o conjunto quanto ao volume e ao timbre.

Cabem ao regente e ao assistente do coro a seleção e a preparação técnica das vozes, e a unificação dos diversos timbres, mediante trabalho minucioso com cada parte separadamente, para obter movimento expressivo das partes e transformar o coro em instrumento dócil e fiel às intenções da obra a ser executada. Além disso, é necessário que se articulem nitidamente todas as sílabas do texto literário que inspirou a música. Os coros podem ser constituídos exclusivamente por vozes masculinas, femininas ou infantis, ou podem ser coros mistos, de que participam elementos de sexos e idades diferentes. O coro normal é a quatro vozes mistas: soprano, contralto, tenor e baixo.

O repertório reúne peças cantadas em uníssono, à oitava, ou composições polifônicas, com partes diferentes. Há obras para coros múltiplos, compostos para mais de um conjunto. O coro a cappella, ou, no Brasil, coro orfeônico, é aquele em que seus componentes cantam sem nenhum acompanhamento instrumental.

O canto coletivo, religioso ou profano, responde a uma necessidade de agrupamento, e sua função socializadora é constante através dos tempos, em todas as civilizações. Desde a pré-história os homens cantavam em conjunto, encontrando nessa prática uma forma insuperável de integração nas suas atividades sociais.

A música na Antiguidade caracteriza-se pela existência de grandes massas corais, que entoam hinos religiosos, canções guerreiras e canções de trabalho. O teatro grego dá ao coro, ora falado, ora cantado, um papel predominante.

Histórico. O canto gregoriano da Igreja católica adota os coros em uníssono, ou à oitava, até o século X. Nas primeiras tentativas polifônicas, principalmente entre os séculos X e XIII, distinguem-se os registros graves e agudos das vozes masculinas e infantis, para as partes diferentes do órgão ou do descante. O grande repertório polifônico floresce e atinge o apogeu nos séculos XV e XVI. Os cantores deviam ser dotados de qualidades extraordinárias, dada a complexidade das peças que executavam. As grandes capelas disputavam cantores famosos. Introduzem-se os castrati, que interpretam as partes de tessitura elevada.

Dos primeiros tempos cristãos até o fim do Renascimento, cabe ao coro o papel de maior importância em toda a música sacra. O repertório profano, de inspiração popular ou erudita, tem seu clímax na canção francesa e no madrigal italiano, para quatro vozes mistas.

Com o nascimento da harmonia tonal e a criação da ópera, há uma renovação da música coral com a utilização do coro na missa, na ópera e no oratório, gêneros que predominam na Europa meridional, ao passo que os países de religião reformada desenvolvem a paixão e a cantata religiosa. O coral luterano assegura a participação dos fiéis no culto por meio do canto comunitário. Um novo estilo, com a realização do baixo cifrado pelo órgão, acrescenta um discreto acompanhamento instrumental às vozes. Todas as capelas requisitam músicos de importância e mantém corpos estáveis.

No século XVIII, desenvolvem-se as academias e os conservatórios, que roubam o monopólio religioso da música vocal de conjunto. No século XIX, multiplicam-se as associações corais regulares, às vezes de dimensões gigantescas, e a maioria dos compositores dedica grande atenção ao coro, que, frequentemente, passa a integrar obras sinfônicas.

Anualmente, é grande a atividade musical no terreno erudito, e deve-se mencionar o ressurgimento do repertório folclórico da tradição ocidental, harmonizando para várias vozes, e o aproveitamento de motivos africanos, asiáticos e ameríndios.

No campo da música erudita, verifica-se a restauração da declamação coletiva, o coro falado, nos moldes da Antiguidade, que requer uma nova técnica quanto ao tom, à dicção e às modalidades expressivas, e abre um novo caminho para a utilização do coro.

 

 

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